sábado, 20 de setembro de 2014

FUVEST - QUESTÕES COMENTADAS


 FUVEST 2ª. FASE - Questões comentadas

Questão 1
Leia o seguinte texto, que trata das diferenças entre fala e escrita:
Talvez ainda mais digno de atenção seja o desaparecimento [na escrita] da mímica e das inflexões ou variações do tom da voz. A sua falta tem de ser suprida por outros recursos.
É, neste sentido, que se torna altamente instrutiva a velha anedota, que nos conta a indignação de um rico fazendeiro ao receber de seu filho um telegrama com a frase singela — “mande-me dinheiro”, que ele lia e relia emprestando lhe um tom rude e imperativo. O bom homem não era tão néscio quanto a anedota dá a entender: estava no direito de exigir da formulação verbal uma qualidade que lhe fizesse sentir a atitude filial de carinho e respeito e de refugar uma frase que, sem a ajuda de gestos e entoação adequada, soa à leitura espontaneamente como ríspida e seca.
J. Mattoso Câmara Jr., Manual de expressão oral e escrita. Adaptado.

a)  Considerando-se que o verbo da frase do telegrama está no imperativo, se essa mesma frase fosse dita em uma conversa telefônica, haveria possibilidade de o pai entendê-la de modo diferente? Explique.

b) Reescreva a frase do telegrama, acrescentando-lhe, no máximo, três palavras e a pontuação adequada, de modo a atender a exigência do pai, mencionada no texto.
Resolução

Questão 2
Avalie a redação das seguintes frases:
I. O futebol conquistou um papel na sociedade tanto culturalmente como econômico e político.
II. Os clubes buscam a expansão do número de associados bem como reduzir gastos com publicidade.
III. Doravante tais fatos, fica claro que o futebol exerce uma grande influência no cotidiano do brasileiro.
IV. O técnico declarou aos jornalistas que, para o próximo jogo, ele tem uma carta na manga do colete.
a) Reescreva as frases I e II, corrigindo a falta de paralelismo nelas presente.
b) Reescreva as frases III e IV, eliminando a inadequação vocabular que elas apresentam.

Questão 3
Considere o seguinte texto, para atender ao que se pede:
O orgulho é a consciência (certa ou errada) do nosso próprio mérito; a vaidade, a consciência (certa ou errada) da evidência do nosso próprio mérito para os outros. Um homem pode ser orgulhoso sem ser vaidoso, pode ser ambas as coisas, vaidoso e orgulhoso, pode ser — pois tal é a natureza humana — vaidoso sem ser orgulhoso. É difícil à primeira vista compreender como podemos ter consciência da evidência do nosso mérito para os outros, sem a consciência do nosso próprio mérito. Se a natureza humana fosse racional, não haveria explicação alguma. Contudo, o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior; a noção de efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por aquilo que é. É a vaidade em ação.
                                                                                Fernando Pessoa, Da literatura europeia.

a)      Considerando-a no contexto em que ocorre, explique a frase “o homem vive a princípio uma vida exterior, e mais tarde uma interior”.

b)       Reescreva a frase “O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por
aquilo que é”, substituindo por sinônimos as expressões sublinhadas.

Questão 4

Entrevistado por Clarice Lispector, para a pergunta “Como você encara o problema da maturidade?”, Tom
Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível prenda…’   Não sei, Clarice, a gente fica mais capaz, mas também mais exigente”.
Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema “A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e sua versão  correta é: “A madureza, essa terrível prenda”.

a)  Aponte dois recursos expressivos empregados pelo poeta na expressão “terrível prenda”.
b)  Reescreva a resposta de Tom Jobim, eliminando as marcas de coloquialidade que ela apresenta e fazendo  as alterações necessárias.

Questão 5

Leia o seguinte texto, para atender ao que se pede:
Conversa de abril

É abril, me perdoareis. Estou completamente cansado. Retorno à aldeia depois de três dias de galope de jipe pelas estradas confusas de caminhões e poeira e explosões. Tenho no bolso um caderno de notas.
Quereis que vos descreva essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de primavera? Deixai-me estirar o corpo na cama; depois tiro as botas. Ouvi-me. As montanhas, já vos descreverei as montanhas.
Rubem Braga*
* Rubem Braga foi correspondente de guerra junto à FEB, Força Expedicionária Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial. O fragmento acima pertence a uma de suas crônicas desse período.

a)  Reescreva o seguinte trecho, dando-lhe características narrativas e empregando a terceira pessoa do plural, em lugar da segunda:
“Tenho no bolso um caderno de notas. Quereis que vos descreva essas montanhas e vales, e o que fazem os seres humanos neste tempo de primavera?”

b)  Tendo em vista as informações contidas no excerto, o início do texto — “É abril” — é coerente com o emprego do pronome este, em “neste tempo de primavera”? Explique.

Questão 6
Leia o seguinte trecho de uma reportagem, para em seguida atender ao que se pede:

Cantoria de sabiá-laranjeira na madrugada divide ouvidos paulistanos


Diz uma antiga lenda indígena que, durante as madrugadas, no início da primavera, quando uma criança ouve o canto de um sabiá-laranjeira, ela é abençoada com amor, felicidade e paz. Isso lá na floresta. Na selva urbana, a história é outra: tem gente se revirando na cama com a sinfonia que chega a durar duas horas seguidas antes mesmo de clarear o dia.
“Morei 35 anos no interior paulista e nunca fui acordada por passarinho algum”, conta uma moradora do Brooklin (zona sul). “Agora, em plena São Paulo barulhenta e caótica, minhas madrugadas têm sido bem diferentes”.
Folha de S.Paulo, 16/09/2013. Adaptado.
a)  Tendo em vista o contexto, é possível concluir, de modo irrefutável, que a citada moradora do Brooklin faz parte dos paulistanos que não apreciam o canto do sabiá-laranjeira? Justifique com base no texto.

b)  Reescreva os trechos do texto que se encontram em discurso direto, empregando o discurso indireto e fazendo as modificações necessárias.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O ASSASSINO ERA O ESCRIBA

O assassino era o escriba Neste poema, o autor critica o uso  de ironia e duplo sentido quando se refere aos termos empregados nas...